BRASIL PODE AJUDAR TAILÂNDIA A DIVERSIFICAR PRODUÇÃO DE CANA



BRASIL PODE AJUDAR TAILÂNDIA A DIVERSIFICAR PRODUÇÃO DE CANA

Com o apoio do Brasil, a Tailândia pode ampliar o portfólio de produtos renováveis fabricados a partir da cana e, deste modo, diversificar as fontes de ganho dos produtores locais. Expandir a produção de etanol e incorporar novos derivados (bioeletricidade, bioplásticos e biodetergentes) à matriz energética tailandesa são iniciativas que ajudarão o setor sucroenergético daquele país a reduzir sua dependência econômica em relação ao açúcar.

 

Integrando a comitiva do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, a assessora sênior da Presidência para Assuntos Internacionais da União da indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Géraldine Kutas, falou sobre a diversificação durante o seminário “Brasil-Tailândia: negociação sob uma nova perspectiva no comércio agrícola e investimento”, realizado em 13/09, na cidade de Bangkok. A presença de Kutas na capital tailandesa foi possível graças à parceria entre a UNICA e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) no projeto Brazilian Sugarcane Ethanol, que busca valorizar a imagem do etanol brasileiro no exterior.

 

A executiva da UNICA afirma que essa diversificação inibiria procedimentos no mínimo questionáveis do governo tailandês para incentivar a produção e exportação de açúcar, os quais distorcem, de forma acentuada, os mercados globais, além de impactarem negativamente a indústria brasileira. “Brasil e Tailândia são líderes na produção canavieira e deveriam cooperar mais para o desenvolvimento desta indústria, especialmente no que se refere à inovação tecnológica”, afirma Kutas, acrescentando que o Brasil tem muito a contribuir neste sentido.

 

“Além de açúcar, novos produtos que já são amplamente fabricados pelos brasileiros abrem novas oportunidades de negócios em outros mercados além do alimentício. Elevar a produção de biocombustível e exportar outras mercadorias para segmentos como o elétrico e o químico representa uma alternativa para os produtores canavieiros tailandeses, que atualmente exportam açúcar subsidiado”, explica Géraldine Kutas.

 

A Tailândia é o segundo exportador mundial de açúcar, atrás apenas do Brasil. No ano passado, os brasileiros venderam 25 milhões de toneladas do produto no mercado internacional, enquanto os asiáticos comercializaram 8 milhões de toneladas. Apoiados numa forma discutível de estímulo governamental, os tailandeses aumentaram, nos últimos quatro anos, sua participação nas vendas externas de 12,1% para 15,8%. Já os brasileiros viram sua quota cair de 50% para 44,7%.

Nos últimos meses, o Brasil vem estudando iniciar um contencioso junto ao órgão e solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC), questionando uma série de medidas tomadas pela Tailândia em desacordo com normas internacionais. A decisão do governo brasileiro de contestar o regime tailandês de açúcar tem o pleno apoio da UNICA.

 

Etanol

Durante sua participação no seminário promovido pela Apex-Brasil, Mapa e Câmara de Comércio da Tailândia, e que reuniu aproximadamente 90 pessoas, a assessora da UNICA frisou a necessidade da Tailândia investir mais na produção de etanol. Atualmente, o país promove, de forma não compulsória, a mistura de 5% de etanol na gasolina (E5).

 

Geraldine chamou a atenção para o fato de que o combustível canavieiro tem a capacidade de reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa e a poluição local em grandes cidades, como Bangkok e São Paulo.

 

“Trata-se de biocombustível com o maior potencial mitigador dentre todos os combustíveis líquidos existentes. Por emitir até 90% menos CO2 do que a gasolina, o etanol pode alavancar o desenvolvimento sustentável em nações da Ásia e África que não possuam programas ambientais eficientes em termos de controle da poluição gerada por veículos leves e pesados”, ressalta Geraldine Kutas.

 

Somente nos últimos 13 anos, ao abastecer o carro flex com 100% de etanol ou gasolina, que hoje contém até 27% do biocombustível misturado, o consumidor brasileiro evitou que mais de 350 milhões toneladas de CO2 fossem despejadas na atmosfera, segundo dados da UNICA.